Catarina apelou ao voto no domingo “em quem não vacila”

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No comício do Bloco de Esquerda em Braga na noite desta quinta-feira, Catarina Martins defendeu uma “Europa em que há decência e em que os países não empurram para baixo, mas puxam para cima”. E lembrou que é também na Europa que “se luta pelo salário, pelo contrato de trabalho, pelo tempo para viver e por uma casa onde morar” e por saúde, educação e Segurança Social porque a “União Europeia é esta luta concreta das nossas vidas”.

À entrada na reta final da campanha eleitora, destacou a importância de ir votar: “o mais importante é no dia 9 de junho, ninguém vacilar e ir votar” por “um futuro melhor para todas as pessoas”, afirmou.

A importância de que “ninguém vacile” serviu como linha condutora em vários temas como os perigos da extrema-direita e a importância que “se retirem as lições da história para o momento que vivemos hoje”. Enquanto socialistas, liberais, PPE, do PSD e CDS, tomaram em conjunto “das decisões mais vergonhosas na União Europeia nos últimos tempos”, como o Pacto da Governação Económica, “que ataca a nossa saúde, a nossa educação, capacidade de investir na transição climática justa” e o “vergonhoso Pacto das Migrações que faz com que o Mediterrâneo seja a fronteira mais mortífera do mundo e com que crianças possam ser deportadas” e Ursula von der Leyen negoceia uma aliança com a extrema-direita “para se manter no poder”, a esquerda mantém-se firme na defesa dos direitos e é “quem sabe que a linha vermelha são os direitos humanos”.

O apelo a não vacilar foi assim desde os direitos humanos e a igualdade à luta pela habitação, educação, saúde, contra o genocídio em Gaza e a guerra na Ucrânia. Sobre o Bloco, afirmou que é “o partido que nunca vacila” nestas causas.

Há uma “Europa que tem os direitos humanos na boca mas cospe para fora do conceito de humanidade cada vez maior de pessoas”

José Soeiro começou a sua intervenção a falar sobre Gaza e como o “genocídio continua com armas que na Europa se produzem e que governos como o alemão vendem ao governo israelita” e sobre uma “Europa que tem os direitos humanos na boca, mas cospe para fora do próprio conceito de humanidade uma parcela cada vez maior de pessoas”.

O tema dos cuidados ocupou em seguida a sua atenção destacando a importância da estratégia europeia dos cuidados, de que o eurodeputado bloquista José Gusmão foi relator do grupo da Esquerda, que foi “um primeiro passo” para a UE reconhecer “que é preciso investir mais em cuidados, criar novos empregos e melhorar a qualidade e acessibilidade dos cuidados de longa duração”. Agora é urgente “que esse investimento passe pela criação de redes públicas de cuidados, que impeçam os esquemas ilícitos e os lucros multimilionários pela exploração do vazio de oferta que hoje existe”.

A luta dos trabalhadores das plataformas e a forma como no Parlamento Europeu os eurodeputados do Bloco se bateram por eles foi também referida, assim como o projeto da semana de quatro dias, “o melhor exemplo prático que nós temos de que é possível trabalhar menos horas e de que isso beneficia trabalhadores e beneficia a economia” e que dá um exemplo “da Europa dos direitos sociais que harmoniza no progresso e não no retrocesso, que acolhe as melhores tradições do movimento operário, que aprende com as experiências, que decide a partir do conhecimento”.

“A direita desistiu do SNS”

Bruno Maia afirmou que nestas eleições “a Europa está em disputa”, apresentando um embate entre “a Europa da decência, dos direitos humanos contra a Europa do genocídio”, a das acampadas de estudantes “contra a que vende armas a Israel para massacrar vidas palestinianas”, a da democracia “contra a dos interesses da alta finança”, a que recebe imigrantes e refugiados “com trabalho e dignidade” “contra a que os afoga no Mediterrâneo”, a Estado Social contra a do privatize-se tudo”.

De seguida, centrou na questão da saúde para criticar a AD que “desistiu do SNS” porque não prevê nenhum reforço deste, nenhuma medida para as carreiras dos profissionais, apostando na externalização e querendo que “os profissionais possam constituir empresas unipessoais para cobrarem ao hospital as horas extraordinárias que fazem como se isto fosse uma novidade”. Uma medida “estúpida” que vai pagar mais por essas horas em vez de aumentar os salários.

Uma cidadania “inteira, inclusiva e vigilante”

Sheila Khan lembrou que se marcavam os 80 anos do desembarque da Normandia, um dos momentos decisivos para a vitória sobre os nazis na Segunda Guerra Mundial, para homenagear os sobreviventes. E defendeu uma cidadania “inteira, inclusiva e vigilante” e uma “Europa de respeito e dignidade” que “aprendeu a lidar com a diferença e com a diversidade” porque “sabe que se construiu dos escombros há 80 anos”.

“É da solidariedade, amor pelo outro, capacidade de criar empatia para com quem está a viver em dificuldade que se formulam as ideias políticas mais fortes”

Pedro Filipe Soares invocou o padre Max e a estudante Maria de Lurdes para dizer que “esta é a esquerda que leva o amor às últimas consequências, pelo outro, pela nossa história, por todas e por todos aqueles que sonharam um mundo melhor”. Para ele, “é das ideias mais básicas, solidariedade, amor pelo outro, capacidade de criar empatia para com quem está a viver em dificuldade que se formulam as ideias políticas mais fortes” e “é por isso que ele têm medo”.

No dia em que von der Leyen foi convidada da AD, criticou que esta  tenha dado “cobertura a Netanyahu para fazer este genocídio”. As suas críticas foram também dirigidas aos socialistas que diziam num dia que “não havia dinheiro” e afinal “havia e não foi gasto”, acusando o PS de ter governado à direita.

Sobre a baixa das taxas de juro pelo BCE, afirmou que este “colocou os interesses milionários da finança” à frente do direito à habitação, pois dizia-se que esta descida era “impossível” e sublinhava-se que a instituição é “apolítica”, mas afinal a decisão só foi anunciada na quinta-feira antes das eleições europeias.

Artigo Esquerda.net

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