“Antes de 1974 ser LGBT+ era crime. Crime de prisão. Humilhação. Porrada da velha. Ficha na PIDE para a vida.” (Somos Livres? Somos Livres!)

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O título é inspirado na canção de Ermelinda Duarte, com letra escrita por Maria Ermelinda Oliveira Duarte, “Somos Livres”, que dá o mote para uma série de testemunhos recolhidos sobre as conquistas que o 25 de Abril trouxe a esta democracia que leva já 50 anos e em constante construção.

“Somos um povo que cerra fileiras
Parte à conquista do pão e da paz
Somos livres, somos livres
Não voltaremos atrás”

Fabíola Cardoso – Professora

O 25 de abril fez-se para todes

Antes de 1974 ser LGBT+ era crime. Crime de prisão. Humilhação. Porrada da velha. Ficha na PIDE para a vida.
Crime de exílio, internamento no manicómio, lobotomia e choques elétricos.
Crime de multa e chantagem. Saneamento e exclusão. Morte matada ou morrida.
Crime feio, vergonha inominável sobre o próprio, a sua família e localidade.

Antes de 1974 não se usavam as palavras LGBT+.
Eram usadas outras bem piores. Palavras como pedras duras, que esfolavam e feriam. Palavras pessonhentas, que se prendiam à pele e estragavam a vida. Palavras marginalidade, bas fond, noite escura.
Palavras pecado, doença, tabu.
Muitas vezes nem havia palavras, só silêncio. E medo.

Não foi logo depois do 25 de abril que as coisas mudaram: ainda houve quem dissesse que a Revolução não se tinha feito para prostitutas e homossexuais e só em 1982 se dá a descriminalização da homossexualidade.

Se por um lado não foi o 25 de abril que garantiu às pessoas LGBT+ o reconhecimento dos seus direitos básicos na sociedade portuguesa, essas conquistas não teriam sido possíveis sem a Liberdade e a Democracia que a Revolução dos Cravos nos trouxe. Muito caminho se fez a partir desse momento.

Usufruímos hoje em Portugal das conquistas do movimento LGBT+ dos últimos quase 30 anos. Beneficiamos dessa luta constante: nas ruas, nos media e no Parlamento.

Mais: a nossa luta e os nossos direitos conquistados a pulso, são garantia na defesa dos direitos de tod@s. São a linha da frente da Democracia. A prova da Liberdade. O local onde, aqueles que teimam em regressar ao cinzento passado, atacam primeiro. Somos os telómeros do Estado de Direito!

Por isso os nossos direitos, liberdades e garantias estão a ser ameaçados, aqui e em muitos outros países. LGBTfobia não é opinião. É ataque aos Direitos Humanos, à Liberdade e, portanto, à própria Democracia!

Um Portugal para todes ainda está em construção, mas temos hoje cravos arco íris espalhados por todo o país, incluindo o interior. Cada Marcha do Orgulho LGBT+ é um passo determinado e corajoso: não voltaremos atrás!!!!

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