No infame livro “A minha luta”, Adolf Hitler diz “(…) com o uso capaz e persistente da propaganda, o próprio céu pode ser apresentado ao povo como ser fosse um inferno, e vice-versa, o tipo de vida mais miserável pode ser apresentado como se fosse o paraíso”. E assim, uma mente frágil, desiludida e descontente torna-se parte de um sistema que requer um seguimento cedo de regras e fundamentações. Outros, usam meramente esta endoutrinação como uma desculpa para manifestar a sua parte mais negra, culpando terceiros e agindo contra eles.
Mas esta ferramenta é também usada noutros ambientes, desde seitas, hierarquias corporativas e a nível familiar, onde um indivíduo egocêntrico toma as rédeas e age como um ditador, tomando decisões, castigando, manipulando factos e inventando informações.
Este tipo de comportamento molda, de facto, comportamentos e pensamentos e essa endoutrinação permanece no subconsciente, principalmente quando é feita desde tenra idade.
No entanto, onde está a linha que separa a endoutrinação e a responsabilidade pessoal?
Quando agimos de forma prejudicial a terceiros, podemos usar este tipo de justificação e nunca assumir a nossa quota parte de responsabilidade?
Existe, de facto, veracidade nas justificações mas também é necessário admitir responsabilidade pois só dessa forma se poderá corrigir o comportamento.
Mentalidades de grupo podem influenciar, absolutamente, mas no fim de tudo, é a nossa decisão. Caso contrário, haverá sempre uma desculpa, uma razão, alguém em quem colocar o que é da nossa responsabilidade. Tal como no famoso caso da defesa Twinkie, onde foi usado o excesso de consumo de produtos com demasiado açúcar para justificar homicídio.
Nós não somos meramente um produto da nossa educação, existem tantos factores que nos moldam e temos a capacidade de distinguir entre o moral e o imoral, o certo e o errado. Por vezes, pode demorar algum tempo, quando a nossa mente está demasiado entranhada com a endoutrinação, mas haverão momentos em que a nossa consciência vem ao de cima, onde dizemos a nós próprios que este tipo de acções e pensamentos não estão em consonância com o que realmente achamos.
Em casos de sistemas totalitários e fascistas, a nossa liberdade fica, absolutamente, restrita, não podendo agir ou opinar livremente. Mas as nossas acções, ao impactar a vida de terceiros, é a nossa responsabilidade, excluído casos extremos.
Numa sociedade democrática, onde podemos pensar, falar, agir livremente e onde a informação está amplamente ao nosso dispôr, torna a nossa responsabilidade pessoal ainda mais evidente.
É através da mentalidade de isenção de culpa ou justificações que é passível a criação de mentalidades de grupo que projectam as suas frustrações a terceiros, criando uma ideia de eu contra os outros, o que meramente alimenta uma mentalidade social extremista.
Assumir a responsabilidade pelo que correu mal na nossa vida, pela nossa situação, ao invés de usar estes factos como justificações para formas de agir ou projectar a culpa em terceiros, é fundamental para eliminar potenciais pensamentos extremos. Acontecem coisas horríveis, emocional e psicologicamente debilitantes às pessoas, mas a decisão do que fazemos com isso e devido a isso, será sempre a nossa responsabilidade.
Como afirmou Dalai Lama, “temos a capacidade e a responsabilidade de escolher se as nossas acções seguem um caminho virtuoso ou não”.
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