À Conversa sobre Livros com Raquel Afonso

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Fonte inesgotável de conhecimento e prazer,  poderosa ferramenta de influência e transformação política, a leitura e a liberdade intelectual chegam até a ser censuradas por regimes repressivos, ditatoriais e totalitaristas, levando a que a informação, o espírito crítico sejam negados a grande parte das pessoas. 

Em pleno século XXI, assistimos cada vez mais a discursos de ódio, à propagação do medo e de conteúdos de desinformativos quanto a questões de género e sexualidade. Na Europa, EUA, Brasil e um pouco por todo o mundo, assiste-se à criação de campanhas de proibição de livros de temática LGBTQIA+. Com base em justificações de “promoção da homossexualidade” ou da “propaganda da ideologia de género”, grupos ideológicos conservadores mostram atentar a autodeterminação, a liberdade de expressão, a autodescoberta e visibilidade das experiências de pessoas LGBTQIA+.

Recordando a célebre frase de Oscar Wilde, preso numa altura em que a homossexualidade era considerada como vício e decadência, diria: “Não existem livros morais ou imorais. Os livros ou são bem escritos ou não.”

Reconhecendo a importância da leitura e da educação para as temáticas de igualdade e não discriminação, pretendemos conhecer as estantes Queer e Feministas de algumas personalidades portuguesas. De forma a partilhar novos mundos que os livros encerram, questionamos:

Qual o livro que mais o marcou/influenciou pessoal e profissionalmente?

Acho que não consigo dissociar uma coisa da outra, até porque tenho aproveitado muito a investigação que faço para encontrar literatura LGBTI. Ao mesmo tempo, tenho procurado ler mais deste género de literatura , que depois também é útil ao meu trabalho. Tenho vários livros de temática LGBTI que me marcaram bastante nos últimos anos, como Sinais de Fogo, de Jorge de Sena, O Muro Branco, de Alves Redol ou Stone Butch Blues, de Leslie Feinberg, e As Malditas, de Camila Sosa Villada. E há um que, sem dúvida nenhuma, me marcou e levou a trabalhar da forma como trabalho, o livro A Fábrica e a Rua – resistência operária em Almada, de Sónia Ferreira.

Algum autor/a com quem te identificas mais e que segues há mais tempo?

Confesso que sou uma leitora tardia deste tipo de literatura. Nesse sentido, tenho tentado “apanhar” um pouco de tudo e explorado várias temáticas, sejam romances ou diários e não apenas sobre Portugal, mas também o Estado espanhol e a América Latina.

Qual a leitura que acompanhas e recomendarias aos nossos leitores?

Nos últimos tempos tenho seguido uma autora que me tem prendido à leitura, apesar de todos os seus livros serem de temáticas muito diferentes. Recomendo muito a Catarina Gomes (que publicou Coisas de LoucosFurriel não é nome de pai e, o meu preferido, Terrinhas).

Raquel Afonso é Investigadora Integrada do Instituto de História Contemporânea (IHC-NOVA/IN2PAST). Doutoranda em Estudos de Género. Autora do Livro Homossexualidade e Resistência no Estado Novo.

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